Há algum tempo que venho matutando se a carpintaria é um dom ou uma Arte (?). Mas, antes mesmo que eu chegasse a uma resposta, não é que surgiu outra opção: seria essa ocupação milenar, honesta e briosamente reconhecida desde José da Galileia, uma simples e pragmática profissão? Ele, porém, não se ocupou apenas em beneficiar a madeira e fixá-la com os pregos, uma tarefa que exige esforço físico e, geralmente, ao ar livre; exerceu também outras funções – além de marido e pai: foi mensageiro da Verdade, guia dos necessitados, segurança aos frágeis e oprimidos. Características que somadas à sua ocupação o aproximam de um bom e fiel proclamador.
Aliás, proclamar, sim, é uma tarefa que, sem dúvida, em sua essência, é um dom, e também uma Arte, e, também, uma profissão. E não é para qualquer um – ou não deveria ser... São necessárias, além do conhecimento da Verdade, as características que o carpinteiro da Galileia possuía e praticava. Talvez, por isso, temos apenas pregadores, profissionais e amadores, a manusear pregos.
Hoje, estou inclinado a afirmar que é apenas uma profissão lucrativa e de status aos amadores. Os pregos, os que são dobrados, visto que pregar vem do latim plicari (dobrar), têm a responsabilidade, a eles incumbida desde o momento em que sustentaram o corpo de Cristo crucificado, de também sustentar o altar, o púlpito, levar a solidariedade, exercer o amor ao próximo, divulgar a Palavra, enfim, serem os operários. Eles, então, estão muito mais próximos ao Proclamador da Galileia que seus martelos, ferramentas que só fazem para afundá-los na madeira, dobrá-los ao seu bem querer. E àquele que entortar, não conseguir furar a madeira? Lá vem o peso da ferramenta para consertá-lo, endireitá-lo, deixá-lo reto.
Falar é fácil, difícil é fazer; faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço; em casa de ferreiro, espeto é de pau! Pregos, martelos, madeira, pregadores, proclamadores, Josés da Galileia, do Egito, da Europa, do Brasil, Jesuítas, ateus, agnósticos, vizinhos, professores, eu, você... Pense nas pessoas, aja com amor.
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