O Realismo/Naturalismo foi uma escola
literária de domínio narrativo no fim do século XIX e início do século XX.
Apesar de serem um mesmo movimento literário, o Realismo e o Naturalismo têm
diferenças já no cerne: enquanto este é marcado, principalmente, pela corrente
filosófica e científica do Determinismo; aquele é extremamente Positivista e
Socialista.
No Brasil, especificamente, juntos a
todo o contexto histórico mundial – II Revolução Industrial, surgimento e/ou fortalecimento
do cientificismo (Determinismo e Evolucionismo) e de correntes filosóficas
(Positivismo e Socialismo) – somam-se toda a campanha abolicionista já
registrada no período anterior e a decadência da Monarquia Brasileira. Isso
propicia terreno fértil para os escritores um tanto urbanos e burgueses... É
claro, toda definição para um período literário é sempre arriscada, e,
tratando-se de um período no qual se encontra José Maria Machado de Assis, com
o Realismo é ainda mais melindroso. Até porque Machado de Assis é, sem dúvida,
mais criador que criatura em relação ao Movimento. Então, basta ver as
características estético-literárias de Machado para se encontrar as do
Realismo. Estética que está intrinsecamente ligada ao pensamento do
homem da virada do Século XIX para o XX: objetivismo, universalismo,
materialismo, antimonarquismo, nacionalismo, determinismo etc.; mas com a
genialidade do Bruxo. Enfim, o Realismo foi um movimento social, e como tal, um
movimento do cotidiano.
O
derradeiro de um apólogo
Então, quando a senhora voltou para casa, desfez-se
do lindo vestido sobre a cama, enquanto encobria-se pelo senhor, em luxo e
fúria. Este, famigerado verdadeiro dono daquela trama de linhas que encobria tão belo e
jovem corpo durante a noite perante às luzes e aos olhares purgatórios, fez vir
novo vestido, ainda mais trabalhado e elitizado.
- Você acreditou mesmo que era importante?
- E por que não seria? Não fui ao baile vestindo a
senhora?
- E agora me dá lugar no guarda-roupas. O seu
destino? Seguir a ordem alfabética descendente que que marca a quase todos?
Talvez, pior! Vestir aquela que o ergueu. Servi àquela que seus caminhos
abriu...
- E o que te faz acreditar que seu destino será
diferente?
- O limite? Qual mais terá poder esse senhor para
fazer vir? Quem mais gastará com tal jovem já marcada pela promiscuidade de
valores e entrega barata? Sou o que de mais bela ela pode ter; o mais rico que
ele pode dar.
- Mas, desfia-se como o mais rústico de algodão.
O dilema que não cessara foi interrompido. O
derradeiro vestido, antes vencedor sobre aquela agulha, agora era dado à
genitora de ambos: este e aquela.
Ao ver o motivo de sua revolta socialista, a agulha
indagou:
- Pois vejo que não agradou por muito tempo e logo
voltou, agora sem a mesma serventia.
- Vejo também que triunfo ainda assim sobre ti. Ou não sabes quem irá corrigir-me
e preparar-me a outros bailes; mesmo que de menor valência?
A agulha bem que esbravejou e insultou. Mais que uma verdade, aquele
derradeiro vestido tinha ainda poder, ele simplesmente nasceu com tal.
Quando voltei para dar o fim ao apólogo aquele mesmo professor, ele me
disse:
- Todos os dias encontro com linhas que não valem um agulha. Mas, ainda
assim, sobrepõem a estas com facilidade e normalidade.
FELICE PASCUAS !
ResponderExcluirLINKSMŲ ŠVENTŲ VIELYKŲ !
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