Quinhentismo
Quinhentismo é
a denominação genérica de todas as manifestações literárias ocorridas no Brasil
durante o século XVI, no momento em que a cultura europeia foi introduzida no
país. Note que, nesse período, ainda não se trata de literatura genuinamente
brasileira, a qual revele visão do homem brasileiro. Trata-se de uma literatura
ocorrida no Brasil, ligada ao Brasil, mas que denota a visão, as ambições e as
intenções do homem europeu mercantilista em busca de novas terras e riquezas.
As manifestações ocorridas se prenderam, basicamente, à descrição da terra e do
índio, ou a textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários que aqui
estiveram.
Carta ao Leitor, Rei
de minha escrita, sobre nosso início literário
Caro Leitor, não
começamos bem! A julgar pela visão baseada na alteridade europeia. Somos, ou
éramos, frutos da terra, não a mãe gentil – posteriormente impregnada em nossas
raízes por transfusão sanguínea forçada. É bem verdade, tenho que assumir, pois
a verdade é meu norte para este relato, que de literário não tínhamos nada.
Mas, mesmo assim, ainda me pergunto, será? Afinal, o que é literatura (?) senão manifestação
artística, que tem por finalidade recriar a realidade a partir da visão de
determinado autor (o artista), com base em seus sentimentos, seus pontos de
vista e suas técnicas narrativas (Nicola, 1998). E se ‘isso’ é mesmo a literatura, nossos índios – como
fomos batizados sem prévio conhecimento – possuíam, sim, literatura na epiderme
de sua pele, e em sua cultura. Todavia, não cabe a mim, agora, questionar o
valor literário das manifestações culturais de nossos antepassados
quinhentistas; tenho o dever, apenas, de relatar nossa visão contemporânea
acerca do nascimento de nossa veia literária.
Demonstro,
inicialmente, o retrocesso imposto na cultura, desta terra
recém-achada/descoberta/tomada, pela literatura e sua visão teocêntrica
europeia, já em divergências reformativas da igreja. Em um mundo desconhecido,
utopia de Éden, onde Maísa tinha muito valor e de Cristo não se ouvia falar,
portugueses sedentos por sabores apimentados e aromas fortes de cravo e canela, made in Índia, desembarcaram e não quiseram
mais voltar. Pra lá dos 220 volts foi o choque cultural. ‘Que saradas,
avermelhadas e cheirosas índias. Tão diferentes das portuguesas pálidas,
gélidas e acorrentadas pela fé romana’. Sim!, Este foi o provável pensamento
másculo do português malicioso, ambicioso e tendencioso. Dos brasis queriam
ouro, terra e mulher(es). E assim foi feita nossa primeira propaganda e
identidade: selvagem cordial, mulher ideal, terra do bacanal. Se a literatura é
a visão do autor recriando a realidade, caminhamos para a promiscuidade a
galopes.
Entretanto, se a
literatura ao recriar a realidade tem por finalidade intervir, assim fizeram os
Jesuítas, posteriormente, dando equilíbrio sexual à nossa literatura, ao nosso
construir identitário literário. Porém, a preocupação não ultrapassava as
margens da colonização/extração/escravidão. E nossa literatura nasceu feia, sem
pai definido e com muitos pretendentes a padrastos - é que a mãe sempre foi
muito bonita(!).
Já me aproximo do fim
de meu relato, caro Leitor, não que não queira falar mais ou que não necessite,
de maneira alguma, pois, as raízes alimentam as flores e frutos – mas isso
ainda vai demorar mais de quatro séculos. Porém, o nascimento foi sem pompas,
demorou-se mais de 30 anos para o reconhecimento em ‘vias de fato’ da
paternidade, e, até lá, a criança não recebeu boa educação; até comia três ou
quatro letras do alfabeto. Dizem os Jesuítas, que chegaram após o
reconhecimento da paternidade e vieram com o intuito de alfabetizar, que
faltavam apenas três: L, R e F (lei, rei e fé). Mas, aposto que também não
conhecia o B de brasilidade.
Cumprindo, portanto,
o meu dever de servo de El-Rei Leitor de bixudipé, afirmo ser verdade tudo que
aqui relato, tendo como testemunhas muitos viajantes de nossa língua e
história, e confirmo que a literatura já está em nossas mãos. Assim, peço
humildemente, caro Leitor, que esforço seja feito na tentativa de dominarmos
por total essa terra de todos nós para que possamos enriquecer nossa família e
nossa pátria. Sem medo de estar sob alucinações, encerro meu relato
certificando que o descobrimento dessa parte do mundo pode nos fazer grandes e
reconhecidamente brilhantes em todo o mundo, que se curva diante de nós,
leitores.
Rodrigo Davel, 06 de agosto de 2012.
João Batista (de La Salle)
Batizai-nos com Machado;
Depois vem Queiroz.
Dai prioridade a Lobato;
O B que falta esta em nós.
Eça, Pessoa e Saramago
Até que são bacanas,
Mas, Alencar, Drummond e Dourado
São nossa nirvana.
Demoramos quase meio século
E só em 22 gritamos a liberdade
Reconheço que teve grande eco
Mas, será que foi de verdade?
Não precisamos nos afrancesar
A Europa é o velho!
Eles que precisam se abrasileirar;
Esqueça todo aquele evangelho!
Adorei a nova proposta e as imagens e o texto e o vídeo.
ResponderExcluirParabéns e obrigada!
Desejo pois que a literatura, que ao recriar a realidade tem por finalidade intervir, assim siga, remodelando, ou mais contemporaneamente falando, repaginando o desequilíbrio sexual da nossa literatura, reeditando e aprimorando o romantismo, pois acredito que é preciso de um realista para descobrir a realidade, mas é preciso um romântico para criá-la.
Boa noite!
ResponderExcluirAdorei a postagem!
A nossa origem é tão misturada e colorida, que a boa alquimia ficou conosco.
Muitas bênçãos.
Beijos.
Que bom passar por aqui e rever coisas tão boas..
ResponderExcluirbjs meus
Catita
Olá Rodrigo
ResponderExcluirMas que riqueza este post!
Tão cheio de informações.
Sua carta está genial. O vídeo sobre o "Quinhentismo" super interessante.
Parabéns! Gostei muito de aprender aqui.
Abraços
Com saudades venho desejar um feliz Domingo,
ResponderExcluirtambem convidar você a partcipar do sorteio
de 2 livros meus .
Na lateral esquerda tem 2 selinhos
leve para seu blog .
Clik na imagem faz sua inscrição
dizendo já estou com o selinho no meu blog.
Quero participar do sorteio.
Lembre-se são 2 dois de Portugal
sendo que:um dos blogs colocou selo nos dois blogs
para sua participação.
Da 10 /09:012 é meu aniversário é um presente
e uma união entre amigos.
Além de contar com sua participação
será um presente de vcs para mim também.
São 2 livros um em cada blog vc pode participar
colocando os dois selos.
Beijos carinhos,Evanir..
Olá, Rodrigo. Parabéns!! Belissimo amigo seu texto. O vídeo muito interessante. Adorei! Estamos sempre aprendendo. Obrigada amigo pela visita! Estava com saudades. Não consegui conexção, más hoje cá estou. Beijo grande e feliz domingo!
ResponderExcluirCaro amigo
ResponderExcluirQuando as palavras
encontram sentimentos
que fazem com que elas
encontrem seus sentidos,
nossa vida se enfeita
com as cores da esperança.
Obrigado por sua amizade.
Aluísio Cavalcante Jr.
Passando para jogar pozinho de pirlimpimplim \o/
ResponderExcluirAcho que a riqueza esta por todo lado ,cada palavra se transforma com o passar dos tempos ,as
ResponderExcluirpalavras podem ser mágicas quando usadas com sabedoria,desde que cada um de nos aceite com a naturalidade a sua evoluçao .Um abraço de um Portugues que adora o povo irmao
Passando paar desejar que lendas, mitos, folclore, histórias, partimplimns façam sempre parte de suas vidas :)
ResponderExcluirMuito interessante !
ResponderExcluirGostei muito do seu blog! Parabéns!
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