sexta-feira, 15 de março de 2013

Nosso Cânone Literário - Romantismo

Jovem Lendo (1776), Jean-Honoré Fragonard

Transposições, substituições e invenções 
O Romantismo foi um movimento - sim, claro! - positivo à nossa literatura; mas, também, negativista. Negativos foram o sentimento religioso e a filosofia espiritualista, contrários ambos ao espírito moderno. Foi negativa, ainda, a exaltação pueril da pátria, encarada como algo portentoso a partir do cenário natural, o que confunde a retidão do juízo. E negativo foi, sobretudo, o indianismo. Por significar o endeusamento de um povo que teve tanta importância em nossa formação quanto portugueses e negros, ainda que se procurou ressaltar como fator decisivo em nossa diferenciação racial e social. Positivo, o nacionalismo dos românticos foi importante para desligar a nossa vida mental da influência portuguesa e nos abrir para outras culturas europeias.

A canção Chega de Saudade foi escrita em meados de 1950, pelos compositores Tom Jobim e Vinícius de Morais, gravada na voz de Elizeth Cardoso acompanhada pelo mestre da Bossa Nova, João Gilberto, no violão. A gravação ficou conhecida como o primeiro registro fonográfico da Bossa Nova, sendo lançada no ano de 1958, no álbum “Canção do Amor Demais” de Elizeth,  recebendo o nome de “batida da bossa nova”.

Um dia romântico
Pela manhã, cheio de forças e pretensões,
não é possível evitar as verdeações de minha terra.
Antes mesmo do queijinho
de leite fresco provar,
quero já em abolições,
ouvir o canário do Tupã cantar.
Vejam que lugar como aqui não há.
Nem lá, nem lá.
Mas, a vida não é só se encantar.
Só cá, só cá?
Socar negros, socar mulheres, socar todos que puderem.
O Governo, que Brasil.
Mas a Ordem e o Progresso não é Igualdade, Fraternidade e Solidariedade.
Vivam os brasis:
do índio americano, do negro africano e do português republicano.
Tarde longa,
de boa prosa com Vieira e Matos Guerra.
Mas, a noite logo chega, e em casa,
ao silêncio do canário e sem o verde da minha flâmula,
recolho-me à insensata solidão do meu pensar.
Lá na frente um Anjo vai me mostrar os morcegos deste quarto
– Salve Augusto!
Meu trevo não tem folhas;
meu trevo nem é da sorte.
Mau me quer, mau me quer, mau me quer.
E se amanhã os sinos dobrarem em minha lembrança?
Ela terá por mim lembranças?
Pena?
Indiferença?
Sou índio, negro e republicano.
Ó minha pátria, mais aguerrida,
pátria amada, Brasil.
Rodrigo Davel, 15 de março de 2013